RIO - Depois de 20 episódios, a primeira (e talvez última) temporada de "A vida alheia" chega ao fim nesta quinta. Bem sucedido, o seriado de comédia criado por Miguel Falabella, exibido semanalmente pela TV Globo, abordou a rotina da redação de uma revista especializada em celebridades e explorou o lado "mundo cão" do showbiz. No episódio "Abandono", que vai ao ar esta noite, Alberta vai sofrer com a detenção da filha Paula pela polícia e Catarina enfrentará a concorrência desleal do ex-marido. Para Manuela, a situação não vai ser mais fácil: a pobre jornalista terá sua carreira comprometida por promover um encontro que quase acaba em tragédia. Em entrevista, Falabella analisou o trabalho, falou sobre o sucesso de Alberta Peçanha e Catarina Faissol e não alimentou esperanças nos fãs das histórias da dupla: "Como eu vou escrever uma novela, acredito que a série, por enquanto, fica na prateleira". Coisas que nunca imaginávamos ver na TV aberta ou assuntos normalmente abordados com uma certa cautela finalmente foram mostrados em "A vida alheia". A que você credita essa liberdade que a série teve para falar e mostrar determinados temas?
MIGUEL FALABELLA: Acredito que com a concorrência da TV a cabo - e aí inclui-se a pirataria que, como se sabe, faz com que ela se torne acessível para a maioria da população - a televisão aberta precisa, cada vez mais, estar antenada com a ficção que se produz mundo afora. É claro que é preciso respeitar as classificações etárias e, como foi o caso de 'A Vida Alheia', buscar os horários mais propícios a determinados temas. Eu nunca sofri qualquer espécie de censura e acho que não há muita saída para os realizadores de televisão aberta. Ou avançamos, ou ficamos para trás, repetindo eternamente as mesmas fórmulas.
Como sempre, falou-se muita coisa antes de efetivamente ver o que era a proposta da série. Não houve, em nenhum momento, um desejo de atacar a imprensa, ou as celebridades. Ambos serviam como mote para contar as aventuras de Manuela e Lírio, comandados pela dupla Alberta/Catarina. Eu particularmente me preocupo com o diálogo. Acho que um bom diálogo faz toda a diferença. Acho que o saldo foi extremamente positivo, em termos de realização. "Dirt" nunca foi uma inspiração, mesmo porque eu não assisti à série. Usamos (Falabella e os roteiristas Antônia Pellegrino e Flávio Marinho) situações que conhecemos e que transformamos em ficção. Aliás, eu nunca me propus a escrever um reality. Tudo aquilo era ficção, ainda que inspirada no nosso cotidiano.
Com certeza. O mundo das revistas de celebridades é muito mais feminino do que masculino, seja no tema, seja nos anseios das personagens. Catarina e Alberta eram personagens fortes, porque tinham uma visão crítica sobre si mesmas. Elas sabiam exatamente o que estavam fazendo ali.
Não sei. Ninguém me disse nada sobre o assunto, mas como eu vou escrever uma novela, acredito que a série, por enquanto, fica na prateleira. De qualquer maneira, eu adorei tê-la escrito e agradeço a todos que se empenharam para fazer um produto de qualidade. Acho que é assim que eu encaro o meu trabalho: eu pinto meus bisões na parede da caverna. O tempo dirá. Não cabe a mim ser juiz de minhas próprias realizações.
Fonte: O Globo
Para bom entendedor... :D
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