quinta-feira, 26 de agosto de 2010

'A Vida Alheia': Miguel Falabella comemora os resultados da série

RIO - Depois de 20 episódios, a primeira (e talvez última) temporada de "A vida alheia" chega ao fim nesta quinta. Bem sucedido, o seriado de comédia criado por Miguel Falabella, exibido semanalmente pela TV Globo, abordou a rotina da redação de uma revista especializada em celebridades e explorou o lado "mundo cão" do showbiz. No episódio "Abandono", que vai ao ar esta noite, Alberta vai sofrer com a detenção da filha Paula pela polícia e Catarina enfrentará a concorrência desleal do ex-marido. Para Manuela, a situação não vai ser mais fácil: a pobre jornalista terá sua carreira comprometida por promover um encontro que quase acaba em tragédia. Em entrevista, Falabella analisou o trabalho, falou sobre o sucesso de Alberta Peçanha e Catarina Faissol e não alimentou esperanças nos fãs das histórias da dupla: "Como eu vou escrever uma novela, acredito que a série, por enquanto, fica na prateleira".

Coisas que nunca imaginávamos ver na TV aberta ou assuntos normalmente abordados com uma certa cautela finalmente foram mostrados em "A vida alheia". A que você credita essa liberdade que a série teve para falar e mostrar determinados temas?

MIGUEL FALABELLA: Acredito que com a concorrência da TV a cabo - e aí inclui-se a pirataria que, como se sabe, faz com que ela se torne acessível para a maioria da população - a televisão aberta precisa, cada vez mais, estar antenada com a ficção que se produz mundo afora. É claro que é preciso respeitar as classificações etárias e, como foi o caso de 'A Vida Alheia', buscar os horários mais propícios a determinados temas. Eu nunca sofri qualquer espécie de censura e acho que não há muita saída para os realizadores de televisão aberta. Ou avançamos, ou ficamos para trás, repetindo eternamente as mesmas fórmulas.

No começo da temporada, alguns jornalistas criticaram a rotina da revista "A vida alheia". Mas a maioria das situações é extremamente próxima da realidade de muitas redações. Até que ponto a verossimilhança com a rotina dos repórteres foi levada em conta e até que ponto você e a equipe criaram em cima dessas situações corriqueiras? Acho que a série se distanciou bem de "Dirt" (série americana estrelada por Courteney Cox), a que muita gente também a comparou, não?

Como sempre, falou-se muita coisa antes de efetivamente ver o que era a proposta da série. Não houve, em nenhum momento, um desejo de atacar a imprensa, ou as celebridades. Ambos serviam como mote para contar as aventuras de Manuela e Lírio, comandados pela dupla Alberta/Catarina. Eu particularmente me preocupo com o diálogo. Acho que um bom diálogo faz toda a diferença. Acho que o saldo foi extremamente positivo, em termos de realização. "Dirt" nunca foi uma inspiração, mesmo porque eu não assisti à série. Usamos (Falabella e os roteiristas Antônia Pellegrino e Flávio Marinho) situações que conhecemos e que transformamos em ficção. Aliás, eu nunca me propus a escrever um reality. Tudo aquilo era ficção, ainda que inspirada no nosso cotidiano.

Catarina e Alberta foram os destaques dessa temporada. Ironia, sarcasmo, humor refinado não faltam às duas, que têm tiradas impecáveis. Você também as vê assim? Há uma certa supremacia intelectual das personagens femininas na série, não?

Com certeza. O mundo das revistas de celebridades é muito mais feminino do que masculino, seja no tema, seja nos anseios das personagens. Catarina e Alberta eram personagens fortes, porque tinham uma visão crítica sobre si mesmas. Elas sabiam exatamente o que estavam fazendo ali.

A temporada termina com um belíssimo gancho para uma segunda leva de episódios. Existe essa possibilidade ou você já está por conta de seus outros projetos?

Não sei. Ninguém me disse nada sobre o assunto, mas como eu vou escrever uma novela, acredito que a série, por enquanto, fica na prateleira. De qualquer maneira, eu adorei tê-la escrito e agradeço a todos que se empenharam para fazer um produto de qualidade. Acho que é assim que eu encaro o meu trabalho: eu pinto meus bisões na parede da caverna. O tempo dirá. Não cabe a mim ser juiz de minhas próprias realizações.


Fonte: O Globo

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